Poluição do ar pode agravar os danos à pele produzidos pela radiação solar
A nossa pele é uma importante barreira contra a entrada de agentes agressores e a perda de água corporal. Porém, por ser essa barreira externa, a pele está exposta a uma série de agentes químicos e físicos que podem causar danos e prejudicar a sua função e aparência.
Poluentes podem penetrar a pele e atingir a corrente sanguínea
Devido ao aumento da poluição do ar, é bem provável que a pele esteja exposta a alguns poluentes, como os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP), seja através de penetração tópica por partículas ultrafinas ou mesmo por distribuição sistêmica. Não existe uma estimativa precisa de poluentes na pele, mas a literatura relatou contaminação sanguínea por hidrocarbonetos aromáticos policíclicos em concentrações na faixa nanomolar.
Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos são fototóxicos
Alguns poluentes (como os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, por exemplo) são foto-reativos e fototóxicos. Assim, podemos afirmar que a luz solar e a poluição podem comprometer sinergicamente a saúde da pele.
O objetivo de um estudo publicado na revista científica de dermatologia Journal of Dermatological Science, foi comparar os efeitos biológicos da matéria particulada, extrato de matéria particulada e vários hidrocarbonetos aromáticos policíclicos em células de queratinócitos epidérmicos humanos normais (NHEK) e em modelo de pele reconstruída exposta a radiação ultravioleta (UV) diária (300-400nm) ou radiação UVA1 (350-400nm). Os pesquisadores estudaram o impacto desses poluentes combinado com o efeito da radiação UV em queratinócitos, medindo toxicidade, homeostase redox e metabolismo de glutationa.
Efeito fototóxico da luz solar + poluentes
Nesse estudo, os queratinócitos humanos foram expostos a um simulador de luz solar (UV ou UVA1) combinado com poluentes. Os resultados mostraram que esses poluentes + irradiação com UVA1 foi associada a um efeito fototóxico significativo, que foi igual ou superior ao produzido pela luz solar diária. Este resultado é interessante, considerando que o UVA1 representa cerca de 80% da radiação UV diária e atinge a junção dérmico-epidérmica com facilidade.
Além disso, entre os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos estudados, o benzo [a] pireno e o indeno [1,2,3-cd] pireno foram fototóxicos em concentrações muito baixas (faixa nanomolar) em células cultivadas ou em epiderme reconstruída e também prejudicaram o potencial clonogênico dos queratinócitos em doses subtóxicas.
Luz solar + poluentes aumentam estresse oxidativo da pele
O estudo também mostrou que ocorreu geração de radicais livres nas células e no compartimento mitocondrial interno, a despolarização da membrana mitocondrial e/ou a redução da produção de ATP, além de diminuição das concentrações de glutationa intracelular, que diminuíram transitoriamente várias horas pós-tratamento, o que aumenta a potência da fototoxicidade por hidrocarbonetos aromáticos policíclicos.
Exposição crônica à luz solar + poluentes prejudicam a pele
Os resultados obtidos nesse estudo, usando concentrações de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos na faixa sanguínea de pessoas expostas à poluição, sugerem que a exposição a um estresse fotopoluente, particularmente se crônica, pode prejudicar a homeostase cutânea e agravar o dano cutâneo induzido pela luz solar.
Isso mostra a importância de escolha de fotoprotetores com amplo espectro de ação, boa fotoestabilidade e também com potencial antioxidante e protetor da pele contra a poluição, evitando os efeitos danosos do efeito fototóxico da luz solar associada à ação dos poluentes, bem como de produtos capazes de remover os resíduos da poluição que ficam aderidos à pele ao longo do dia.
Referência
Soeur J, Belaïdi JP, Chollet C, Denat L, Dimitrov A, Jones C, Perez P, Zanini M, Zobiri O, Mezzache S, Erdmann D, Lereaux G, Eilstein J, Marrot L. Photo-pollution stress in skin: Traces of pollutants (PAH and particulate matter) impair redox homeostasis in keratinocytes exposed to UVA1. J Dermatol Sci. 2017 May;86(2):162-169. doi: 10.1016/j.jdermsci.2017.01.007. Epub 2017 Jan 16.